O Corona Open J-Bay , nona parada do circuito principal da World Surf League 2022, nesta quinta-feira, 14/07, amanheceu com ondas fazendo jus à fama de Jeffreys Bay, no Cabo Oriental da África do Sul. Ondas perfeitas de quatro a oito pés receberam os melhores surfistas do mundo para as disputas da repescagem e oitava masculina e quartas feminina.
A celebrada direita de J-Bay deu aos competidores a oportunidade de brilhar com várias ondas sendo julgadas no critério de excelência, mas o dia não passou sem drama e surpresas. Os brasileiros comandaram o espetáculo batendo todos os recordes. O campeão mundial Italo Ferreira e Samuel Pupo, fizeram as maiores somatórias, Yago Dora ganhou a maior nota e Tatiana Weston-Webb fechou o dia com as maiores marcas femininas desta nona etapa do World Surf League (WSL) Championship Tour. Ela já passou para as semifinais, enquanto Italo, Samuel e Yago, estão nas quartas de final que vão abrir o último dia. A primeira chamada será as 7h15 da sexta-feira na África
Ao amanhecer Jeffreys Bay estava bombando com longas direitas de abrindo paredes perfeitas que atravessavam a sessão de Supertubes até Impossibles. A seleção brasileira participou das cinco primeiras baterias do dia e venceu quatro, com Filipe Toledo, Miguel Pupo, Italo Ferreira e Caio Ibelli, aproveitando a segunda chance de classificação para as oitavas de final. A única baixa na repescagem foi Jadson André.
Dos seis brasileiros que competiram, metade avançou para as quartas de final. O estreante na elite do CT este ano, Samuel Pupo, vai disputar a primeira bateria com o vice-líder do ranking, Jack Robinson, da Austrália. Na segunda, Italo Ferreira vai reeditar a final olímpica com o japonês Kanoa Igarashi. E na terceira, tem o australiano Connor O´Leary contra Yago Dora, que quebrou um tabu de nunca ter vencido Filipe Toledo em baterias do CT. Já Tatiana Weston-Webb, vai fazer sua quarta semifinal com Carissa Moore esse ano.
As oitavas de final masculinas foram iniciadas logo após a repescagem, com um duelo brasileiro do líder do ranking, Filipe Toledo, com Yago Dora. Era a décima vez que os dois se enfrentavam em etapas do CT e Filipe estava invicto. A última foi nas semifinais do Oi Rio Pro em Saquarema e a escrita parecia que ia continuar, apesar de Yago começar na frente com nota 5,67 em sua primeira onda.
Depois, Filipe assumiu a ponta com seu repertório de manobras progressivas e surfando tubos rápidos, para somar 6,83 e 6,00 em duas ondas seguidas. Mas, Yago pegou a maior da bateria, que abriu o paredão para ele mostrar a potência do seu backside, abrindo grandes leques de água nas rasgadas e batidas verticais sempre nos pontos mais críticos, até entrar num tubo que foi rápido. Mas, rodou outro e ele ficou mais profundo de grabrail, sumiu lá dentro e ressurgiu na baforada. Os juízes deram nota 9,50 para Yago Dora vencer por 15,17 a 12,83 pontos, quebrando a invencibilidade de Filipe Toledo sobre ele em etapas do CT.
“Foi uma onda realmente incrível, um presente, porque eu precisava de uma nota boa para passar”, disse Yago Dora. “Eu estava um pouco nervoso, mas eu sabia que tinha a oportunidade de conseguir a nota quando entrei na onda. Não esperava pegar um tubo e acabei pegando dois, então estou muito feliz. É uma sensação incrível, mas na real, você não tem ideia quando está dentro do tubo, porque depende da visão da praia. Pensei que ia ser um 7 e fiquei amarradão quando ouvi 9,5. Eu gosto muito dessa onda e estou tentando aproveitar ao máximo as oportunidades de substituir atletas lesionados nessas etapas, porque minha vaga de wildcard (convidado) era só para o ano que vem”.
Apesar da derrota, Filipe Toledo não perde a liderança do ranking na África do Sul e vai competir com a lycra amarela no Outerknown Tahiti Pro, nos tubos de Teahupoo, onde serão definidos os top-5 e as top-5 para disputar os títulos mundiais da temporada no Rip Curl WSL Finals, em Trestles, na Califórnia (EUA). Filipe já está confirmado nesse grupo e o australiano Jack Robinson, vice-líder do ranking, garantiu sua vaga na quinta-feira, com a classificação para as quartas de final eliminando Kelly Slater. Na categoria feminina, as duas primeiras colocadas, Carissa Moore e Johanne Defay, também já estão entre as top-5.
Na segunda classificação da seleção brasileira para as quartas de final, Samuel Pupo já registrou um novo recorde de 16,94 pontos para o Corona Open J-Bay. Era a segunda vez que ele enfrentava o número 8 do ranking e derrotou Callum Robson mais uma vez. Essa é a primeira vez que Samuca compete em Jeffreys Bay, mas mostrou muita segurança no seu frontside agressivo, para arrancar a segunda maior nota do campeonato até ali, 9,17. Na onda seguinte, Samuel Pupo surfou forte de novo para atingir 16,94 pontos, com nota 7,77. Samuel Pupo chega nas quartas de final pela segunda etapa seguida (Crédito: Beatriz Ryder / World Surf League) Essa somatória do Samuel Pupo só foi ultrapassada pelo campeão mundial Italo Ferreira, que fez um duelo de backsiders no confronto seguinte, com Nat Young. O californiano começou bem, com nota 7,17. Mas, Italo já destruiu a segunda onda que surfou, com batidas e rasgadas executadas com pressão e velocidade. Ele ganhou 8,17 e repetiu esse ataque feroz de backside em outra boa onda que valeu 8,47. Com essas duas notas, Italo chegava a 16,64 pontos, abaixo ainda do recorde de Samuel Pupo.
Só que o potiguar criado nas direitas do Pontal de Baía Formosa, pegou outra onda excelente em Supertubes e detonou mais uma série de manobras, até pegar um tubo longo na finalização. Os juízes deram o mesmo 9,17 do Samuca, para Italo Ferreira aumentar o recorde de pontos do Corona Open J-Bay para 17,64 de 20 possíveis. Foi, simplesmente, a melhor apresentação do campeão olímpico no CT esse ano, ultrapassando os 17,47 pontos que tinha conseguido nas direitas de Punta Roca, em El Salvador.
“Foi uma bateria bem divertida. Eu estava assistindo as outras antes da minha e fiquei empolgado para entrar na água, porque tem altas ondas”, disse Italo Ferreira. “Eu só tentei escolher as melhores ondas e surfar o melhor possível. Estou exausto agora, mas ansioso para o dia final. Surfei bem cedo hoje e sabia que ia ser um dia de altas ondas, então estou feliz por ter conseguido me classificar e pronto para amanhã”, afirmou Italo, que garante sua vaga nos top-5 se vencer o Corona Open J-Bay.
Depois dessa segunda vitória seguida da seleção brasileira nas oitavas de final, vieram duas eliminações. O japonês Kanoa Igarashi pegou as melhores ondas que entraram no duelo contra Caio Ibelli e venceu por uma tranquila vantagem de 16,26 a 11,77 pontos. Já na bateria seguinte, Miguel Pupo quase consegue a classificação, mas acabou derrotado pelo australiano Connor O´Leary, por uma pequena diferença de 12,77 a 11,97 pontos. Miguel e Caio terminaram em nono lugar no Corona Open J-Bay, empatados com Filipe Toledo.
Após as oitavas de final masculinas, as quartas de final femininas fecharam a quinta-feira de mar clássico em Jeffreys Bay. A bicampeã mundial Tyler Wright derrotou a vice-líder do ranking, Johanne Defay, na primeira bateria. Ela vai fazer uma semifinal australiana com a heptacampeã Stephanie Gilmore, que surfou belos tubos para vencer o confronto de gerações com a estreante na elite, Gabriela Bryan, do Havaí.
Já a batalha pela segunda vaga na grande final do Corona Open J-Bay, será entre as duas melhores surfistas do mundo em 2021, a pentacampeã Carissa Moore e a vice-campeã mundial, Tatiana Weston-Webb. Será a quarta vez que as duas se enfrentarão em semifinais esse ano. A brasileira ganhou a primeira em Supertubos, onde foi campeã do MEO Pro Portugal. Mas, a havaiana a derrotou em G-Land na Indonésia e no Oi Rio Pro em Saquarema. Se ganhar agora, Tatiana entra no grupo das top-5 para o Rip Curl WSL Finals.
Na quinta-feira, Carissa Moore passou pela norte-americana Caroline Marks e Tatiana Weston-Webb acabou fazendo a sua melhor apresentação na temporada 2022 do WSL Championship Tour contra a costa-ricense Brisa Hennessy. Nenhuma mulher conseguiu surfar tão forte de backside nas direitas de Jeffreys Bay, como a brasileira. Com suas batidas verticais e rasgadas no topo das ondas, sempre jogando muita água pra cima, já largou na frente com notas 7,83 e 7,93 nas primeiras que surfou.
Mas, o melhor ainda estava por vir. Para fechar com chave de ouro um dia de ondas espetaculares, Tatiana destruiu uma direita perfeita com uma série de manobras impressionantes, que arrancaram nota 9,27 dos juízes. Com ela, atingiu 17,20 pontos indo direto para o topo das duas listas de recordes do Corona Open J-Bay. Foi, também, a maior nota e a maior somatória que Tatiana Weston-Webb conseguiu esse ano.
“Eu estava bem focada em fazer minhas manobras mais arriscadas e aquela última onda foi muito boa, ficou em pé, perfeita, então foi bem divertido”, disse Tatiana Weston-Webb. “Eu só queria aproveitar, porque passei o dia todo vendo essas ondas maravilhosas e finalmente tive a minha oportunidade de surfar. Nem estou pensando muito no Final 5, acho que ainda não digeri direito aquela final contra a Carissa (Moore). Mas, se eu chegar, tenho a confiança para surfar bem em situações de bastante pressão. Só que, no momento, estou concentrada em fazer meu melhor em cada bateria e feliz pela oportunidade de surfar essas ondas perfeitas de hoje aqui”. Tatiana Weston-Webb fez sua melhor apresentação do ano em J-Bay
A havaiana Carissa Moore, que lidera o circuito, teve um começo de pesadelo quando entrava para disputar sua bateria nas quartas de final, quando uma grande onda no inside quebrou bem em cima dela depois de errar o tempo de sua remada para passar pelo “fechadeira” que quebrava a sua frente. Sua prancha quebrou ao meio e ela teve que nadar de volta e correr até o local que uma outra prancha ao lado do seu marido e do seu técnico à esperava para ela entrar no mar para enfrentar a americana Caroline Marks que já iniciava sua apresentação. A pentacampeã do mundo finalmente varou a rebentação e com o auxílio do jet-ski pode fazer sua primeira onda, um 6,67 (de 10 possíveis). Marks fez apenas duas ondas de pontuações baixas, mas estava na liderança por uma pequena margem. Moore esperou pacientemente por uma onda definida nos últimos segundos, fazendo a melhor onda da bateria para avançar para as semifinais.
“É muito difícil se concentrar depois que algo assim acontece”, disse Moore. “Eu estava correndo pela praia e toda a minha equipe estava lá. Tanta coisa acontece, é a mãe natureza e as condições estão sempre mudando, então você só precisa se adaptar. Ajudou o fato de Caroline não ter somado uma pontuação boa, então era como se estivéssemos começando do zero. O tempo estava acabando e eu só precisava de 2,26, então eu sabia que só precisava fazer uma onda regular, então aquela onda veio e me permitiu fazer mais, então estou muito grato.” Stephanie Gilmore (AUS) saboreando as ondas perfeitas oferecidas no Supertubes. Fotos: © WSL / Ryder A sete vezes campeã mundial Stephanie Gilmore continuou a demonstrar sua superioridade em direitas perfeitas e derrotou a estreante Gabriela Bryan nas quartas. A australiana selecionou as melhores ondas em uma formação de J-Bay e as surfou com perfeição.
“Estivemos sentados e assistindo os garotos o dia todo, então é difícil não se imaginar fazendo a mesma coisa”, disse Gilmore. “Tive a sorte de haver tantas oportunidades, eu sabia que se conseguisse tirar um tubo no final, poderia obter uma boa pontuação. Foi crucial para mim e eu sabia que tinha que aproveitar esses momentos. É incentivo para ir até a final”
Mas, o melhor ainda estava por vir. Para fechar com chave de ouro um dia de ondas espetaculares, Tatiana destruiu uma direita perfeita com uma série de manobras impressionantes, que arrancaram nota 9,27 dos juízes. Com ela, atingiu 17,20 pontos indo direto para o topo das duas listas de recordes do Corona Open J-Bay. Foi, também, a maior nota e a maior somatória que Tatiana Weston-Webb conseguiu esse ano. “Eu estava bem focada em fazer minhas manobras mais arriscadas e aquela última onda foi muito boa, ficou em pé, perfeita, então foi bem divertido”, disse Tatiana Weston-Webb. “Eu só queria aproveitar, porque passei o dia todo vendo essas ondas maravilhosas e finalmente tive a minha oportunidade de surfar. Nem estou pensando muito no Final 5, acho que ainda não digeri direito aquela final contra a Carissa (Moore). Mas, se eu chegar, tenho a confiança para surfar bem em situações de bastante pressão. Só que, no momento, estou concentrada em fazer meu melhor em cada bateria e feliz pela oportunidade de surfar essas ondas perfeitas de hoje aqui”. Tatiana Weston-Webb fez sua melhor apresentação do ano em J-Bay (Crédito: Alan Van Gysen / World Surf League) |
A havaiana Carissa Moore, que lidera o circuito, teve um começo de pesadelo quando entrava para disputar sua bateria nas quartas de final, quando uma grande onda no inside quebrou bem em cima dela depois de errar o tempo de sua remada para passar pelo “fechadeira” que quebrava a sua frente. Sua prancha quebrou ao meio e ela teve que nadar de volta e correr até o local que uma outra prancha ao lado do seu marido e do seu técnico à esperava para ela entrar no mar para enfrentar a americana Caroline Marks que já iniciava sua apresentação. A pentacampeã do mundo finalmente varou a rebentação e com o auxílio do jet-ski pode fazer sua primeira onda, um 6,67 (de 10 possíveis). Marks fez apenas duas ondas de pontuações baixas, mas estava na liderança por uma pequena margem. Moore esperou pacientemente por uma onda definida nos últimos segundos, fazendo a melhor onda da bateria para avançar para as semifinais. “É muito difícil se concentrar depois que algo assim acontece”, disse Moore. “Eu estava correndo pela praia e toda a minha equipe estava lá. Tanta coisa acontece, é a mãe natureza e as condições estão sempre mudando, então você só precisa se adaptar. Ajudou o fato de Caroline não ter somado uma pontuação boa, então era como se estivéssemos começando do zero. O tempo estava acabando e eu só precisava de 2,26, então eu sabia que só precisava fazer uma onda regular, então aquela onda veio e me permitiu fazer mais, então estou muito grato.” Stephanie Gilmore (AUS) saboreando as ondas perfeitas oferecidas no Supertubes. Fotos: © WSL / Ryder A sete vezes campeã mundial Stephanie Gilmore continuou a demonstrar sua superioridade em direitas perfeitas e derrotou a estreante Gabriela Bryan nas quartas. A australiana selecionou as melhores ondas em uma formação de J-Bay e as surfou com perfeição. “Estivemos sentados e assistindo os garotos o dia todo, então é difícil não se imaginar fazendo a mesma coisa”, disse Gilmore. “Tive a sorte de haver tantas oportunidades, eu sabia que se conseguisse tirar um tubo no final, poderia obter uma boa pontuação. Foi crucial para mim e eu sabia que tinha que aproveitar esses momentos. É incentivo para ir até a final” |