O carioca Lucas Silveira é o campeão do Hang Loose Pro Contest 2023 em Fernando de Noronha. O surfista de 27 anos de idade derrotou na grande final, o experiente pernambucano Paulo Moura, que com seus 42 anos, competiu desde a primeira bateria do campeonato na terça-feira, até a que fechou o QS 5000 de Fernando de Noronha no domingo, 05/03. E em todos os dias, a Cacimba do Padre bombou altas ondas, com esta 16.a edição do evento na ilha, sendo considerada a melhor da história. E a 17.a já está confirmada para fevereiro de 2024. “É muito especial ganhar esse campeonato, é muito icônico. Antes de vir pra cá, eu fiquei assistindo todos os vídeos que eu achei dos outros anos, imaginando como poderia estar o mar e acabou dando um mar histórico, que nunca tinha dado em todos os Hang Loose aqui”, disse Lucas Silveira, logo após ser carregado pelos amigos. “Só a final que foi bem difícil de ondas e eu tava com bastante medo até terminar, porque eu não tinha conseguido nenhuma nota alta e o (Paulo) Moura poderia fazer um 10 num tubo a qualquer momento. Mas, o tempo acabou e estou muito feliz por ter vencido esse campeonato, que tem muita história”. |
“Foi muito emocionante”, continuou Lucas Silveira. “Eu tenho treinado bastante nestes últimos tempos. Depois de Haleiwa (no Havaí) no ano passado, eu já iniciei a pré-temporada com meu treinador, Marcelo Amaral. Lá no consultório dele, tem um troféu de terceiro lugar do Ricardinho (Ricardo dos Santos, in memoriam) e depois do treino, eu ficava sempre vendo o troféu, tampando o terceiro e imaginando o primeiro (risos). Estou muito feliz que deu certo, sem palavras conseguir ser campeão desse evento mais histórico do nosso país”. O vice-campeão Paulo Moura também ficou muito feliz com o resultado. Logicamente gostaria de ter conseguido o tão desejado troféu de campeão do Hang Loose Pro Contest e seria o primeiro surfista de Pernambuco a conquistar o título. Das 16 edições do campeonato de surfe mais tradicional da América Latina no arquipélago de Fernando de Noronha, ele só não participou de duas, a de 2008 e a de 2020. Agora, competiu desde a primeira bateria do evento iniciado na terça-feira, até a última na tarde do domingo. |
“Estou muito feliz e, com certeza, fazer uma final aqui em Noronha sempre foi um dos meus maiores sonhos”, disse Paulo Moura. “Minha tática foi escolher os tubos, que era minha chance de ganhar do Lucas (Silveira). Ele foi construindo vantagem com notas intermediárias e é isso, final é assim mesmo, ganha quem faz as escolhas mais sábias. Mas, estou superfeliz pelas oportunidades de surfar na Cacimba. Em muitos momentos, ela me escolheu mandando lindos tubos e eu só tenho que agradecer a Deus. Não ganhei, mas esse resultado é pro meu pai, minha mãe, minha filha e, principalmente, para toda essa galera aqui de Noronha, que são minha família desde a infância e aqui é minha casa também”. Paulo Moura também saiu carregado do mar pela torcida local, que estava na praia da Cacimba do Padre no último dia do Hang Loose Pro Contest apresentado por Eletron Energy. A grande final foi iniciada as 13h30 e o pernambucano pegou a primeira onda, passando por um tubo rápido de frontside que recebeu nota 2,50. Lucas Silveira responde numa esquerda também, fazendo três manobras de backside, para largar na frente com 3,70. O carioca logo pegou outra, que armou uma junção cavernosa e atacou forte no crítico, ganhando nota 4,83. |
O experiente pernambucano preferiu aguardar por ondas melhores, que rodasse um tubo como vinha pegando em todas as baterias que disputou desde terça-feira. Entrou uma série gigante na laje mais no meio da praia da Cacimba, porém com todas as ondas fechando. Depois, Paulo escolheu uma menor procurando o tubo, que não rolou. O tempo já chegava nos 15 minutos finais, com um placar muito baixo, 8,53 a 3,23 pontos para Lucas Silveira. O carioca seguiu arriscando as manobras de backside, errou em duas ondas, mas pegou uma mais próxima da Praia do Bode, no lado direito da Cacimba, que rendeu dois ataques verticais. Ele trocou sua nota mais baixa, 3,70, por 5,00 e Paulo Moura passou a precisar de 7,33 para vencer nos últimos minutos da bateria. Ele já tinha surfado um tubaço nota 7,83 nas quartas de final, mas o tempo acabou sem entrar mais ondas e Lucas Silveira foi anunciado como novo campeão do Hang Loose Pro Contest, derrotando Paulo Moura por 9,83 a 3,23 pontos. |
Apesar de não ter entrado boas ondas na grande final e nem nas semifinais, esta 16.a edição do Hang Loose Pro Contest em Fernando de Noronha, foi considerada por todos como a melhor de toda a história. Desde o primeiro dia, a Cacimba do Padre bombou altas ondas, grandes tubos, com a competição chegando a ser adiada na quinta-feira por excesso de ondulação. O campeonato todo aconteceu em condições desafiadoras, com ondas grandes, paredes enormes e lindos tubos. “Quando o campeonato tem onda, fica tudo lindo, tudo certo e esse foi o melhor Hang Loose em Noronha de todos os tempos”, afirmou Alfio Lagnado, que criou a marca Hang Loose 40 anos atrás e desde 1986 promove campeonatos válidos pelo Circuito Mundial. “Deu altas ondas do primeiro ao último dia, não parou de entrar um swell em cima do outro, foi show de surfe todo dia, então em termos de ondas foi sucesso total”, disse Alfio, que já garantiu o 17.o Hang Loose Pro Contest em Fernando de Noronha em 2024. “Ano que vem já tá confirmado, fevereiro de novo, mesma coisa, QS 5000 e vamo embora, não pode parar mais”. |
O novo campeão, Lucas Silveira, quase não chega na decisão do título. Na semifinal contra o jovem catarinense Leo Casal, surfista de apenas 18 anos que faz parte da equipe de competição da Hang Loose, Lucas só conseguiu se classificar na onda que pegou nos últimos segundos. Ele atacou forte com manobras explosivas com seu backside vertical nas esquerdas da Cacimba do Padre, para ganhar a maior nota do dia, 8,17. Com ela, virou o placar para 9,60 a 8,90. “O Luca surfa muito. Eu vi a onda dele ali da areia e só pensei em seja o que Deus quiser, que a vontade de Deus ia ser feita, então desejo toda sorte para ele na final, pro Paulo também e embora pra próxima”, disse Leo Casal. “Mas, o campeonato foi irado, as ondas estavam bem grandes e consegui mostrar meu surfe também. Fico feliz por ter ficado na vibe boa com meus patrocinadores o evento todo e o terceiro lugar foi um bom resultado também”. |
A outra semifinal foi fraca de ondas também, com Paulo Moura ganhando a primeira vaga na decisão do título, por apenas 4,13 a 1,90 pontos sobre o uruguaio Marco Giorgi. Essa foi a primeira etapa da temporada 2022/2023 da WSL Latin America que Paulo Moura participou. Diferente dos outros surfistas, que estão brigando pelas oito vagas para o Challenger Series, o circuito de acesso para a elite do World Surf League Championship Tour. A lista será definida na próxima em semana em Florianópolis (SC). Com os 3.042 pontos do terceiro lugar no QS 5000 de Fernando de Noronha, Leo Casal saltou da 29.a para a 13.a posição no ranking e Marco Giorgi da 60.a para a 19.a. O único a entrar no G-8 foi o campeão, Lucas Silveira, que subiu do 32.o para o terceiro lugar, tirando a vaga do catarinense Heitor Mueller. Os outros sete que estão se classificando são o novo campeão sul-americano, Miguel Tudela, do Peru, o vice-líder Ian Gouveia, Rafael Teixeira (4.o no ranking), o chileno Guillermo Satt (5.o), Ryan Kainalo (6.o), o argentino José Gundesen (7.o) e Weslley Dantas (8.o). Mas tudo pode mudar na última etapa que será em Florianópolis. Acompanhe por aqui. |
RANKING REGIONAL DE 2022/2023 DA WSL LATIN AMERICA: 20 MELHORES DAS 11 ETAPAS DISPUTADAS: Campeão: Miguel Tudela (PER) – 14.000 pontos 02: Ian Gouveia (BRA) – 7.823 03: Lucas Silveira (BRA) – 7.090 04: Rafael Teixeira (BRA) – 6.213 05: Guillermo Satt (CHL) – 5.535 06: Ryan Kainalo (BRA) – 5.507 07: José Gundesen (ARG) – 5.380 08: Weslley Dantas (BRA) – 5.057 09: Heitor Mueller (BRA) – 5.027 10: Leandro Usuna (ARG) – 5.007 10: Gabriel Klaussner (BRA) – 5.007 12: Vitor Ferreira (BRA) – 4.957 13: Leo Casal (BRA) – 4.912 14: João Chianca (BRA) – 4.900 15: Gabriel Arturo Vargas (PER) – 4.655 16: Krystian Kymerson (BRA) – 4.400 17: Edgard Groggia (BRA) – 4.342 18: Francisco Bellorin (VEN) – 4.242 19: Marco Giorgi (URU) – 4.215 20: Samuel Igo (BRA) – 4.028 |