Como não começar esse texto sem falar de emoção. Emoção pura. Daquelas que aparecem e a pessoa não sabe o porquê, não se explica. Tenho muitos anos de surfe com vivência em competições e digo com toda convicção: Nunca presenciei um evento como o CBSurf Cabedelo Parasurf 2023.
Não era competição. Existia todo comprometimento com a vitória, mas o sentimento de estar vivendo o surfe em seu maior sentido na vida: O prazer de deslizar sobre ondas, cercado de bons amigos compartilhando a alegria de estar vivo. Era maior.
O pico do Macaco, na praia de Intermares em Cabedelo (PB) teve a oportunidade de sediar o CBSurf Cabedelo Parasurf 2023. a seletiva nacional para o ISA Games, considerada a “olimpíada do surfe”, de 17 a 20/08, onde atletas portadores de deficiências – PCD disputaram vagas em 17 categorias para disputar o mundial da categoria Surf Adaptado que será realizado na praia de Huntington Beach, California (EUA) de 5 a 11 de novembro desse ano.
Foram cinquenta inscritos de vários estados brasileiros, divididos em 17 categorias. Entre eles destaco duas performances: A da carioca Monique Oliveira e do pernambucano Roberto Pino. Monique compete na categoria PS Prone 2 Feminino para surfistas que surfam em decúbito ventral (na posição com a barriga na prancha) e precisam de ajuda para remar nas ondas e enquanto estão dentro da água. É impressionante como o surfe que é uma prática individual se torna coletivo no surfe adaptado. Muitas pessoas incluindo outra tantas no esporte onde todos no final saem vitoriosos. Um trabalho de equipe onde o time formado naquele momento se une com a mais nobre das intenções: Promover felicidade. Monique parou a praia. Organizadores, políticos, competidores e público a aplaudindo. Abraços e lagrimas brotavam. Ela fez naquela bateria a maior nota do evento até então, 8,5. Saiu do mar distribuindo sorrisos.
Já Roberto Pino é um competidor feroz. Não dá mole para ninguém. Competir contra Pino é certeza de que vai ser uma disputa onda após onda. Isso sabe bem seu filho Otávio Bisneto que não teve um segundo de tranquilidade na bateria que decidia quem ficaria com a vaga para o mundial. Disputando a categoria PS – S1 Masculino onde os atletas surfam em pé com uma deficiência na parte superior ou baixa estatura Pino abriu sua participação com a maior nota da disputa, 6,67. Fechando o somatório com uma direita bem surfada, lincando um drop rápido numa direita linkada com uma boa batida mostrando comprometimento e risco, somando 5,43 para fazer o maior somatório 12.10 que o levará a Califórnia curtir a vida sobre as ondas, como cantou Lulu Santos, no mundial de Surfe Adaptado.
“O surf nos liberta. Imagine para um cadeirante como eu, estar livre da cadeira de rodas. No
mar a gente não precisa dela”. Comentou Cleuson Sorares, atleta paraibano.
“Esse evento é um sonho pra mim como gestor público e como surfista”, destacou radiante de alegria o Prefeito de Cabedelo Vitor Hugo.
Sérgio Murilo, Diretor do Grupo Ser Educacional e do Instituto Praia Segura destacou a responsabilidade que a entidade recebeu da ONU para fiscalizar a execução da Lei Brasileira de Inclusão e parabenizou a CBSurf por estar seguindo à risca as determinações dessa lei.
O BLOG DO SURFE lhe colocará informado sobre a seleção brasileira que foi formada em Cabedelo e vai defender os nove títulos da modalidade durante o ISA Games.
Até a próxima praia…
Todos os resultados nesse link http://www.surfcore.com.br/system/2023/cbs_adaptado/index.php?etapa=1&tab=2