A “seleção brasileira” começou bem, com sete avançando para disputar classificação para as oitavas de final na terceira fase e apenas um sendo eliminado no sábado, 29/01. O Billabong Pro Pipeline abriu a temporada 2022 do World Surf League Championship Tour em um cenário perfeito no Havaí, com Sol e um mar clássico com tubos de 8-10 pés para a estreia dos melhores surfistas do mundo.
A batalha prossegue com o campeão olímpico Ítalo Ferreira que conquistou a primeira vitória brasileira do ano, no quinto confronto do sábado em Pipeline. Antes dele, o australiano Connor O´Leary e o havaiano Barron Mamiya tinham surfado tubos incríveis, fazendo as marcas a serem batidas no campeonato. Aí o mar deu uma acalmada, justamente nas baterias de estreia dos principais cabeças de chave do Billabong Pro Pipeline, Ítalo e o número 1, Filipe Toledo.
Ítalo venceu esta etapa do Havaí, em 2019, derrotando Gabriel Medina na final que decidia o título mundial daquele ano. Ele chegou a trocar de prancha e conseguiu achar alguns tubos rápidos para superar o novato australiano Callum Robson e o peruano Miguel Tudela, que ficou em último. Tudela se recuperou bem na repescagem e vai voltar a enfrentar Ítalo Ferreira na terceira fase. Os dois são patrocinados pela Billabong e o duelo vai valer a quinta vaga para as oitavas de final.
“Eu tenho ótimas memórias aqui de Pipe e é muito bom estar de volta”, disse Ítalo Ferreira. “Foi um pouco difícil de encontrar ondas boas, mas estou feliz por ter passado. Eu estava bem ansioso antes da minha bateria e acabei caindo na primeira onda. Fiquei mais nervoso e também não dormi muito bem a noite passada, por causa de ansiedade. Mas, agora o foco é manter a calma para pegar as melhores ondas na próxima”.
O campeão mundial de 2019 e número 3 no ranking da World Surf League de 2021 dominado pelos brasileiros, com Medina conquistando o tricampeonato e Filipe Toledo sendo vice-campeão mundial, também respondeu sobre ter o havaiano Shane Dorian, ex-competidor da elite do CT, como técnico: “É muito importante ter pessoas como o Shane te ajudando. E nem é sempre sobre o surfe, pois tem o lado psicológico também para te colocar com a mentalidade certa, então estou bem feliz com esse apoio”.
Filipe Toledo estreou na bateria seguinte a do Italo Ferreira, junto com um estreante na “seleção brasileira” da WSL, Samuel Pupo. Foi mais uma disputa fraca de ondas, com poucos tubos bons. O havaiano Ivan Florence, irmão mais velho do bicampeão mundial John John e local de Pipeline, entrou na primeira onda, sofreu uma queda terrível que partiu sua prancha e não surfou mais nada depois. Samuca achou um tubo rápido e liderava a bateria, até Filipe surfar um também e completar a onda com um aéreo full-rotation, que não é muito comum em Pipeline.
“Eu acho que é uma das melhores ondas do mundo pra dar aéreo (risos). Pelo menos, foi isso que o Nathan Fletcher (especialista em aéreos) falou”, respondeu Filipe Toledo, quando perguntado sobre o aéreo que valeu a vitória. “A bateria foi meio lenta de ondas, porque só rolou uma série grande no início. Mas, pra mim foi bom porque não pude surfar esses últimos dias. Tive problemas com meu visto, só consegui no dia 24. Aí foi aquela correria de voltar pra casa (na Califórnia), pegar as pranchas, deixar as crianças e chegar aqui a tempo. Foi bem estressante, mas estou mais aliviado agora, depois de ter avançado”.
O atual vice-campeão mundial também comentou sobre a nova temporada que está se iniciando e sobre o fato da decisão do título no Rip Curl WSL Finals ser novamente em Trestles, onde ele mora na Califórnia: “Estou me sentindo superbem e o calendário de eventos está incrível. Tem umas etapas novas, o WSL Finals de novo em Trestles, mas não dá para pensar muito lá na frente. Ainda preciso passar do corte do meio da temporada (ficar entre os 22 primeiros do ranking após a quinta etapa), para depois focar em chegar nos Top 5 que vão pra Trestles. Mas, tudo começou hoje, com a primeira vitória do ano”.
O havaiano Ivan Florence depois passou pela repescagem e vai voltar a competir contra Filipe Toledo, na nona disputa por vagas nas oitavas de final do Billabong Pro Pipeline. Já Samuel Pupo terá um duelo brasileiro com Deivid Silva na 15.a e penúltima bateria da terceira fase. Isso também vai acontecer com outros países, com Kelly Slater enfrentando o também norte-americano Jake Marshall na segunda, na décima tem um confronto havaiano entre Seth Moniz e Ezekiel Lau, na 14.a um australiano do Ethan Ewing com Callum Robson e a terceira fase termina com os dois únicos participantes da África do Sul, Jordy Smith e Matthew McGillivray.
Jordy Smith não começou bem, mas na repescagem surfou um tubaço que arrancou a maior nota do dia, 9,73. Ele impediu que o australiano Jack Robinson ficasse como recordista absoluto do Billabong Pro Pipeline, com as notas 9,50 e 9,17 que somou no maior placar do sábado, 18,67 pontos. A melhor apresentação da temporada até agora aconteceu na bateria que estreou o maior ídolo do esporte, Kelly Slater, que tem sete títulos em doze finais disputadas nos tubos mais desejados do mundo.
Enquanto Jack Robinson reinava nas esquerdas de Pipeline, Slater surfou dois tubos incríveis nas direitas do Backdoor que valeram 8,57 e 8,00, para se classificar em segundo lugar e mandar o peruano Lucca Mesinas para a repescagem. Kelly chegou a dizer que o sábado foi um dos dias mais perfeitos de ondas que já viu em Pipeline. Ele atingiu os mesmos 16,57 pontos do havaiano Barron Mamiya, que fez as marcas a serem batidas no início do dia.
O primeiro a ultrapassar essa pontuação foi o bicampeão mundial John John Florence, que defende o título do Billabong Pro Pipeline, conquistado na final contra Gabriel Medina na abertura do WSL Championship Tour 2021. O havaiano somou notas 8,60 e 8,53 no placar de 17,13 pontos, mas o primeiro tubaço surfado nessa bateria foi o de um estreante do Brasil na elite desse ano, João Chianca, o Chumbinho.
O irmão mais jovem do campeão mundial de ondas gigantes, Lucas Chumbo, ficou muito profundo no tubo, entocado de grab-rail lá dentro, até ressurgir e sair limpo. Chegou a contar os dedos das mãos sugerindo uma nota máxima, mas a média ficou em 8,43. João Chumbinho pegou outros tubos muito bons e surfou no mesmo nível da fera, John John Florence. As notas das melhores ondas ficaram até parecidas e ele foi o recordista entre os brasileiros, com essa nota 8,43 e os 15,30 pontos que totalizou.
O mais experiente da “seleção brasileira”, Jadson André, não conseguiu acompanhar o ritmo do João e do John John, chegou a bater nos corais numa queda e terminou em último. Depois, o potiguar acabou sendo o único a ser eliminado no primeiro dia. Jadson perdeu para o também brasileiro Deivid Silva, a briga pela última vaga para a terceira fase na bateria vencida pelo costa-ricense Carlos Munoz, que fechou a repescagem e o sábado no Havaí.
Os peruanos Lucca Mesinas e Miguel Tudela também ficaram em último lugar nas suas primeiras baterias no Billabong Pro Pipeline, mas aproveitaram a segunda chance de classificação. Tudela vai disputar a quinta bateria da terceira fase com o campeão olímpico Italo Ferreira. Na disputa seguinte, Miguel Pupo enfrenta o australiano Connor O´Leary e Lucca Mesinas entra na oitava, com o norte-americano Kolohe Andino.
Depois, tem Filipe Toledo contra o havaiano Ivan Florence na nona bateria, abrindo a chave de baixo, que vai apontar o segundo finalista do Billabong Pro Pipeline. Na 11.a, tem outra parada duríssima para João Chianca, o recordista Jack Robinson. Na 13.a, Caio Ibelli enfrenta o norte-americano Griffin Colapinto e na 15.a tem o duelo brasileiro entre Deivid Silva e Samuel Pupo.
Dos oito surfistas que estão estreando na divisão de elite da World Surf League esse ano em Pipeline, sete se classificaram para a terceira fase. Além dos brasileiros Samuel Pupo, João Chianca e do peruano Lucca Mesinas, também avançaram os australianos Callum Robson e Jackson Baker, o norte-americano Jake Marshall e Carlos Munoz, da Costa Rica. O único eliminado foi o havaiano Imaikalani Devault. O outro novato é Liam O´Brien, que acabou se contundindo enquanto treinava pela manhã e foi substituído por outro australiano, Jordan Lawler, barrado na repescagem.
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