O terceiro dia começou pelas oitavas de final femininas, com as surfistas mais experientes superando as mais jovens na maioria das baterias. As condições do mar em Supertubos têm variado a cada dia. No primeiro, os aéreos arrancaram as maiores notas do dia. Na sexta-feira, 04/03, foram os tubos e neste sábado foi dia para mostrar as manobras nas paredes das direitas e esquerdas de Supertubos, apesar de que alguns ainda voaram e tubos foram surfados. O que não mudou foi a paralisação durante a manhã, por causa da maré muito seca, só retornando após o meio-dia na enchente da maré.
A seleção brasileira se destacou neste sábado, 05/03, do MEO Pro Portugal apresentado pela Rip Curl. Tatiana Weston-Webb passou para as quartas de final batendo recordes, com a nota 7,83 e os 14,83 pontos que totalizou. Esse placar só foi superado pelos 15,44 que Filipe Toledo atingiu, depois de Ítalo Ferreira e Miguel Pupo vencerem as primeiras baterias masculinas do dia que vão se enfrentar na abertura das oitavas de final da etapa portuguesa do World Surf League Championship Tour.
Na primeira bateria do dia, Johanne Defay barrou a novata na elite, Molly Picklum. A segunda foi entre duas veteranas e a heptacampeã mundial, Stephanie Gilmore, derrotou Sally Fitzgibbons. Na terceira, Courtney Conlogue eliminou a líder do ranking, Brisa Hennessy. Ainda pela manhã, Lakey Peterson despachou outra estreante, Isabella Nichols, e a pentacampeã mundial Carissa Moore superou Bronte Macaulay.
Quando a competição retornou às 12h30 (9h30 no Brasil), a escrita continuou com a bicampeã mundial Tyler Wright fazendo os recordes do dia até ali em Supertubos, nota 7,50 e 14,17 pontos, contra outra novata no CT, Gabriela Bryan. No confronto seguinte, Tatiana Weston-Webb superou essas marcas mostrando um frontside agressivo nas direitas, atacando forte as ondas com manobras executadas com muita pressão e velocidade. A gaúcha somou notas 7,83 e 7,00 para derrotar mais uma estreante, Luana Silva, por 14,83 a 10,83 pontos.
“Esse ano parece que estou com um pouco de dificuldade para entrar em sintonia com o mar nas baterias, mas agora consegui mostrar que o meu surfe ainda é muito forte”, disse a atual vice-campeã mundial, Tatiana Weston-Webb. “Eu amo Portugal. Sempre tem muito apoio brasileiro aqui e isso é muito especial pra gente. Estou muito feliz e me sinto em casa aqui.”
“Quando eu era bem jovem, minha primeira memória assistindo uma competição, foi a Michelle Kwan nas Olimpíadas, ganhando medalha de ouro. Foi muito lindo e inspirador para eu querer ser atleta e competir nas Olimpíadas também. Lembro de estar assistindo junto com minha mãe e ela falando: olha como ela é boa, um dia você vai conseguir ser igual a ela! Então, agradeço minha mãe também, que sempre me inspirou e me incentivou a fazer esportes”.
Depois das oitavas de final femininas, mais nove baterias da terceira fase masculina fecharam o sábado de praia lotada em Supertubos. Assim como as líderes do ranking, Brisa Hennessy e Malia Manuel, o número 1 da categoria masculina, Barron Mamiya, também foi eliminado no terceiro dia. A derrota do havaiano para o sul-africano Jordy Smith, aconteceu após duas vitórias brasileiras na briga pelas primeiras vagas para as oitavas de final do MEO Pro Portugal apresentado pela Rip Curl.
O bicampeão das duas últimas edições desta etapa do CT em Supertubos, em 2018 e 2019, Ítalo Ferreira, ganhou a primeira do havaiano Imaikalani Devault, por 11,83 a 8,03 pontos. Com as condições irregulares do mar, ele usou a tática de pegar o máximo de ondas possível e foi em onze, para somar notas 6,00 e 5,83 das melhores que surfou. Ítalo mostrou seu surfe de borda e até arriscou aéreos também, para seguir na busca por um inédito tricampeonato em Portugal.
O próximo desafio do campeão olímpico será contra Miguel Pupo, na abertura das oitavas de final. Miguel venceu um duelo histórico no sábado, o primeiro contra o seu irmão mais jovem, Samuel, na divisão de elite do surfe mundial. Enquanto Miguel completava 237 baterias disputadas em 86 etapas do CT, o novato na seleção brasileira deste ano, chegava a 12.a em apenas cinco eventos. A experiência foi determinante para a vitória. Miguel começou bem, manobrando forte numa esquerda, para largar na frente com nota 5,67. Samuca foi rápido para assumir a ponta, somando 4,33 e 4,90 em duas ondas seguidas. Miguel foi mais seletivo na escolha das melhores e retomou o primeiro lugar com uma nota 4,00. Samuel foi pegando uma atrás da outra, até achar uma direita boa há 7 minutos do fim, que renderam duas manobras mais explosivas que valeram nota 6,00. Mas, Miguel pega uma esquerda 3 minutos depois, que arma a rampa para voar num aéreo rodando. Ele vibra na aterrissagem e os juízes dão nota 6,20, que garante a vitória por 11,87 a 10,90 pontos.
Os dois se abraçam carinhosamente na areia e Miguel Pupo confessou: “Estou com o coração partido, mas a gente tentou dar um show e acho que nós dois ficamos um pouco nervosos. Tive sorte de achar uma onda boa no início, que me deixou mais confiante. Aí fiquei tentando completar um aéreo e fui com tudo naquela onda que apareceu no final. Ele faz parte dessa nova geração que sabe fazer todo tipo de aéreo, então sabia que ele poderia fazer um.”
Miguel também falou sobre esse fato histórico para sua família, de disputar uma bateria com seu irmão na divisão de elite do esporte. Eles são filhos do hoje shaper de pranchas, Wagner Pupo, que foi surfista de destaque no Circuito Brasileiro Profissional por muitos anos. “É um sonho ter meu irmão no Tour. Chegamos no dia das finais em Pipeline, que já foi um sonho, e ficamos imaginando fazer uma final juntos. Não aconteceu lá no Havaí, mas realizamos esse sonho aqui e sabemos que na competição tudo fica na água, pois amo ele e espero seguir representando bem a família nas próximas baterias”. Depois dessa bateria entre os irmãos Pupo, o próximo brasileiro a competir foi o vice-campeão mundial Filipe Toledo, que não deu qualquer chance para o australiano Owen Wright. Filipe usou o seu arsenal de manobras progressivas, variando cada ataque nos pontos mais críticos das direitas e esquerdas de Supertubos, para fazer os recordes do dia entre os homens. Ele foi o único a tirar três notas acima de 7 e somou o 7,67 da primeira onda, com o 7,77 da terceira, para atingir o maior placar do sábado. Somente os 15,44 pontos que totalizou, superaram os 14,83 da Tatiana Weston-Webb.
“Foi uma bateria bem divertida. As ondas ficaram boas, limpas, mas com a maré cheia não tinha tubos, ficou mais alta performance mesmo”, disse Filipe Toledo, campeão da etapa portuguesa do CT em 2015, vencendo o show de aéreos contra Ítalo Ferreira na final. “Eu estava procurando por umas rampas para mandar os aéreos também, mas minha estratégia era conseguir duas notas boas antes dele. Não lembro a última vez que surfei contra o Owen (Wright), mas é sempre uma honra, porque ele é um dos meus surfistas favoritos no Tour.”
Depois das três vitórias brasileiras, veio a primeira baixa numa bateria de poucas ondas. O californiano Conner Coffin teve mais sorte em pegar duas esquerdas boas no início e liderou todo o duelo contra João Chianca. Ele demorou a surfar sua primeira onda e não conseguiu reverter o resultado, encerrado em 13,17 a 12,50 pontos. Chumbinho terminou em 17.o lugar e já saiu da lista dos 22 primeiros colocados no ranking, que participarão da segunda metade da temporada. Terá que tentar se recuperar nas duas etapas da perna australiana, em Bells Beach e Margaret River. Mais dois brasileiros ainda vão competir na terceira fase em Portugal, que continua, provavelmente, neste domingo, 06/03, com a décima bateria começando às 7h30 em Peniche, 4h30 da madrugada no Brasil. Caio Ibelli e Jadson André vão disputar as duas últimas vagas para as oitavas de final contra dois surfistas dos Estados Unidos, logo após o peruano Lucca Mesinas enfrentar outro norte-americano, Kolohe Andino. Jadson tenta entrar na lista dos 22 e terá um confronto direto por vaga com Griffin Colapinto na penúltima bateria. E a última será entre o número 4 e número 5 do ranking, Caio Ibelli e Kelly Slater, respectivamente.