No ano de 1998 um grupo de quatro pioneiros desbravadores entraram na Floresta Amazônica em busca do Fenômeno Natural conhecido pelos índios e ribeirinhos como Poroc-Poroc, o Grande Estrondo. Munidos apenas de um jet ski, um pequeno barco, pranchas, muita coragem e fé, enveredaram na imensidão da mata, mais precisamente no Canal do Perigoso, e se depararam com uma das maiores descobertas dos esportes radicais modernos: a onda da pororoca. De lá pra cá muita coisa mudou e o Fenômeno hoje já é conhecido nos quatro cantos do mundo.
Uma nova expedição irá refazer o caminho percorrido pelos pioneiros que no ano de 1998 fizeram parte dessa primeira expedição às pororocas do Canal do Perigoso, no município de Chaves. Essa experiência tem por objetivo desbravar algumas das mais de dez pororocas inexploradas da Região e ao mesmo temo, buscar manter viva a história e a memória dos pioneiros em uma expedição exploratória que contará com toda a infraestrutura desenvolvida ao longo desses 24 anos, com helicópteros, jet skis, bananas boat, lanchas voadeiras e claro, toda a experiência acumulada em mais de 200 expedições oficialmente registradas e documentadas pela ABRASPO-Associação Brasileira de Surf na Pororoca.
Desta vez entre os dias 01 e 04 de abril o bucólico município de Chaves, localizado no Arquipélago do Marajó, receberá alguns dos melhores surfistas do Brasil para o 24º Surf na Pororoca. Os campeões mundiais Fábio Gouveia e Lucas Fink, os ex-Top CT Ian Gouveia e Raoni Monteiro, Marcelo Bibita, 6x Campeão Brasileiro de Longboard e primeiro recordista mundial de surfe na pororoca, além de outros astros do surfe nacional.
Além do Desafio do Surfe, uma extensa programação cultural irá agitar os habitantes do município e Região como o Pororoca Ambiental, que contará com a participação de 100 estudantes e surfistas locais com o objetivo de diminuir o impacto dos resíduos descartados na Praia Principal do município e pretende trazer à tona a discussão a respeito do manejo e utilização dos resíduos produzidos pelo homem. Também teremos a Cerimônia de Implantação da Escola de Surf Pororoca e da Fábrica de Pranchas da Amazônia, com doações de 10 pranchas de surf para a realização da Clínica de Surf na Pororoca, exclusiva para a comunidade local. Festival Cultural da Pororoca, com apresentações de grupos de Carimbó, DJS de Tecnobrega, Reggae, Música Eletrônica, peça Teatral e Exposição Vídeo/Fotográfica. Além de muita interação com a população, seu modo peculiar de viver em intensa interação com a natureza e vivências marajoaras como o Passeio em Búfalos e visitas a ninhais e jacarés. Mas, as ações culturais não param por aí. Uma grande exibição de Luta Marajoara irá exaltar essa modalidade ancestral de combate com a presença de alguns dos maiores nomes em atuação no estado.
Segundo André Dias, Secretário de Turismo do Pará, a realização do 24º Surf na Pororoca é a consolidação do reconhecimento da importância do legado do Surf na Pororoca para a história, a memória, a cultura e a preservação da Amazônia no Arquipélago do Marajó e em toda a sua extensão: “Estamos muito animados e ansiosos pela realização dessa grande festa marajoara. Apresentar as belezas e a riqueza da nossa Amazônia para o Brasil e para o mundo é o grande legado do Surfe na Pororoca… Nas últimas duas décadas, a pororoca tem sido um dos maiores divulgadores da cultura, das belezas, da riqueza e da grandeza da Amazônia para o mundo. Nós reconhecemos e por isso que, com a anuência do Governador Helder Barbalho, apoiamos o evento”, afirmou o Secretário.
Já o Prefeito de Chaves, Pastor Zequinha, ao falar da importância do evento para o município, enfatizou que “apoiar o Surf na Pororoca é reconhecer a importância do esporte para o crescimento e o desenvolvimento social e cultural de Chaves”.
“Mais uma vez a pororoca irá levar para o Brasil e o mundo toda a grandeza de nossa terra e de nosso povo e isso nos dá muito orgulho!”, declarou Noélio, que completou dizendo: “Para nós é uma grande felicidade poder realizar o 24º Surfe na Pororoca. Celebrar vinte e quatro anos de expedições, alegrias, dificuldades superadas e muita, muita onda é um verdadeiro privilégio… Nosso povo tem muito a contribuir com a preservação da cultura e da natureza não somente do Marajó, mas também de toda a Amazônia e porque não dizer, do mundo. Mas, para isso é preciso ter memória. Reconhecer, lembrar e celebrar aqueles que corajosamente enfrentaram o desconhecido, é fundamental para a preservação desse legado. E é por isso que estamos focados em construir o maior de todos os Festivais da Pororoca já realizados e fazer com que isso reverbere em todos a necessidade urgente de apoio e reconhecimento daqueles que dedicam suas vidas em prol da preservação da Amazônia em todas as suas esferas”, completou o dirigente.
Assim, o 24º Surf na Pororoca vai celebrar a saga dos quatro amigos que descobriram que o Arquipélago do Marajó é uma das mais promissoras regiões para o surfe na pororoca em todo o planeta e gerar os registros que irão fazer parte da 2ª Edição do Livro Auêra-Auára: A História do Surf na Pororoca. Ainda existe muita superstição, mitos e lendas em torno do que seja a pororoca e nesses 24 anos a Associação Brasileira de Surf na Pororoca-ABRASPO, vem se dedicando a desmistificar essas lendas e levar o fenômeno ao maior número possível de pessoas, sejam elas surfistas, ou entusiastas que acompanham as matérias e reportagens que sistematicamente costumam circular pelo mundo.