O Rip Curl Pro Bells Beach apresentado por Bonsoy foi iniciado na quinta-feira (6), o mar baixou muito na sexta-feira e sábado e retornou neste Domingo de Páscoa, em ondas desafiadoras de 3-6 pés no Bowl de Bells. Seis surfistas da seleção brasileira passaram para as oitavas de final e o primeiro a se classificar foi João Chianca, que é o novo líder no ranking do World Surf League (WSL) Championship Tour (CT). O único que está na briga pela liderança é Filipe Toledo, enquanto Gabriel Medina e Yago Dora se aproximaram dos top-5. Michael Rodrigues ganhou o duelo brasileiro com Ítalo Ferreira e Tatiana Weston-Webb também avançou para as oitavas de final neste domingo.
O novo líder do ranking, João Chianca, disputará a primeira vaga para as quartas de final com o sul-africano Matthew McGillivray. Gabriel Medina entra na segunda bateria com o australiano Ethan Ewing, Filipe Toledo na terceira com o sul-africano Jordy Smith, Yago Dora na quarta com o australiano Jackson Baker, Michael Rodrigues na sexta com o havaiano John John Florence e Tatiana Weston-Webb enfrenta a californiana Courtney Conlogue.
O Domingo de Páscoa na Austrália foi intenso, nervoso, com baterias decisivas para escapar do corte na elite da metade da temporada. O dia começou com as repescagens masculina e feminina, depois aconteceu a terceira fase dos homens no sistema “overlapping heats”, com duas baterias sendo realizadas simultaneamente. A seleção brasileira disputou as duas primeiras vagas para as oitavas de final.
O ainda vice-líder do ranking, João Chianca, foi o primeiro a se classificar, numa disputa acirrada com o havaiano Ezekiel Lau. Chumbinho tinha começado bem com nota 7,67, mas Zeke Lau chegou a passar a frente. O brasileiro só confirmou a vitória na onda surfada no último minuto, que valeu 6,27. Com essa nota, venceu por 13,94 a 12,76 pontos e o havaiano fica muito ameaçado de sair da elite, pois está bem abaixo do grupo dos 22 primeiros do ranking que serão mantidos.
“Não está fácil lá fora, então só fiquei focado na minha estratégia, de tentar pegar várias ondas”, disse João Chianca. “O bom é que a primeira que eu surfei foi muito boa e me deixou um pouco mais tranquilo. Eu fiz um treino antes de começar o campeonato e não consegui surfar quase nada. Então, na bateria queria pegar as melhores ondas que entravam na bancada e estou feliz que deu certo. Por outro lado, é difícil não pensar nos caras que podem não passar do corte. Eu vivi isso no ano passado e sei como é. Mas, é preciso separar essa parte emocional para fazer o meu trabalho, que era seguir em frente.”
Com a passagem para as oitavas de final, João Chianca já ultrapassava a pontuação do líder do ranking, Jack Robinson, que recuperaria a primeira posição se também se classificasse. No entanto, ele foi derrotado pelo também australiano Javier Huxtable, que participa do Rip Curl Pro Bells Beach por ter vencido a triagem. Com isso, Chumbinho já defenderá a primeira posição no ranking contra o sul-africano Matthew McGillivray, que barrou o brasileiro Samuel Pupo por uma pequena diferença de 11,77 a 11,60 pontos.
As condições estavam difíceis para competir, com o vento afetando a qualidade das ondas e deixando o mar muito mexido. Apesar dos 40 minutos de duração, a maioria das baterias aconteceu com poucas ondas boas, sem muitas oportunidades para surfar. Então, o tricampeão mundial Gabriel Medina usou a tática de pegar várias ondas e, foi assim, que derrotou o havaiano Barron Mamiya por 10,67 a 7,33 pontos. Medina chegou a dividir o line-up com Owen Wright, que encerrou a carreira na derrota para Ethan Ewing.
“As condições estão bem difíceis. Eu tentei achar as ondas boas, mas acabei pegando qualquer uma que vinha pra mim”, disse Gabriel Medina. “Foi importante avançar nessa rodada. Parece que as condições vão melhorar e eu só quero achar ondas com parede boa para surfar. Eu fiquei com o Owen (Wright) no mar e adoro ver ele surfar, mas infelizmente não conseguiu passar. O Ethan (Ewing) é um ótimo surfista e eu sei que preciso pegar as melhores ondas contra ele. Mas, estou me sentindo bem, minhas pranchas estão boas, então estou preparado.”
Com a classificação, Gabriel Medina ganhou uma posição no ranking, subindo do nono para o oitavo lugar, se aproximando do grupo dos top-5 que no final da temporada disputará o título mundial no Rip Curl WSL Finals. O mesmo aconteceu para Yago Dora, que despachou o australiano Dylan Moffat por 15,17 a 11,30 pontos, com a nota 8,50 da sua última onda. O catarinense assumiu a sexta posição e é a principal ameaça para tirar Caio Ibelli dos top-5, já que ele foi eliminado pelo francês Maxime Huscenot em uma das zebras do dia.
O outro que está entre os primeiros do ranking é o atual campeão mundial e defensor do título do Rip Curl Pro Bells Beach. Filipe Toledo é o único que está na briga pela liderança do ranking com João Chianca. Ele competiu na bateria seguinte a do Gabriel Medina e os dois chegaram a dividir ondas por 20 minutos. Foi num momento que o mar estava bem difícil, com poucas ondas boas. Filipe só surfou duas, a segunda nos últimos segundos, quando precisava de 3,77 para vencer e conseguiu 4,60. Com essa nota, ganhou do australiano Morgan Cibilic com o placar mais baixo da terceira fase, 9,27 a 8,43 pontos.
“Na verdade, o mar está bem difícil e foi uma batalha competir nessas condições”, lamentou Filipe Toledo. “Acho que não estamos preparados para competir em condições como essas. O tamanho das ondas está bom, só que a formação bem ruim por causa do vento. Mas, confiança é tudo e fui na fé. Já estou há 10 anos no Tour, então sei o que preciso fazer em qualquer situação. Eu gosto das ondas daqui minha família está aqui comigo dessa vez e tenho me divertido bastante nesses dias sem competição na Austrália.”
Filipe Toledo foi finalista nas duas últimas edições do Rip Curl Pro Bells Beach. Em 2019, perdeu o título para John John Florence, mas no ano passado badalou o sino do emblemático troféu de campeão em Bells. Depois de Filipe, Yago Dora fez o maior placar da seleção brasileira neste domingo. Igualmente na última onda, o catarinense conseguiu a maior nota do dia até a sua sétima bateria, 8,50. Com ela, despachou o australiano Dylan Moffat por 15,17 a 11,30 pontos. Com a classificação, Yago tirou a sexta posição no ranking do italiano Leonardo Fioravanti, eliminado no confronto seguinte pelo australiano Jackson Baker.
Depois, aconteceu um duelo brasileiro entre o campeão mundial Ítalo Ferreira e Michael Rodrigues. Era a terceira vez seguida que eles se enfrentavam na terceira fase. O campeão olímpico tinha vencido o cearense em Sunset Beach no Havaí e em Portugal. Mas, Michael Rodrigues quebrou essa invencibilidade do potiguar, derrotando-o por 10,10 a 9,83 pontos. Michael segue tentando entrar no grupo dos 22 que serão mantidos na elite e Ítalo fica ameaçado, já caindo do 13º para o 17º lugar no ranking no momento.
Outra surpresa foi a derrota de Caio Ibelli para Maxime Huscenot, na última participação da seleção brasileira neste domingo. Caio está entre os top-5, já garantido na segunda metade da temporada e com sua vaga confirmada na elite do CT em 2024. Já o francês chegou na Austrália em 29º no ranking, próximo do Michael Rodrigues em 27º , ambos bem longe do grupo dos 22 primeiros, que precisam de bons resultados para permanecer na elite.
Os mais ameaçados de saírem do G-22, são três surfistas que perderam na terceira fase neste domingo, o brasileiro Samuel Pupo, o norte-americano Nat Young derrotado pelo bicampeão mundial John John Florence e o australiano Liam O´Brien, eliminado no último confronto do dia, pelo novo recordista absoluto do 60º Rip Curl Pro Bells Beach, Griffin Colapinto, com nota 8,67 e 17,00 pontos. Os três dividem o 21º lugar no ranking e Michael Rodrigues empata com eles, se chegar nas quartas de final em Bells Beach.
A única integrante da seleção brasileira na elite feminina, também está tentando confirmar seu nome entre as top-10, que serão mantidas para a segunda metade do CT 2023 e com vagas confirmadas para 2024. Tatiana Weston-Webb divide o quinto lugar no ranking com a havaiana Gabriela Bryan, mas precisa defender posição. Na categoria feminina, qualquer tropeço pode ser fatal, pois todas estão bem próximas, separadas por poucos pontos. A briga da brasileira é fase a fase com quatro surfistas que estão abaixo dela.
Neste domingo, Tatiana conquistou a última vaga para as oitavas de final, eliminando a francesa Johanne Defay na bateria da repescagem vencida pela campeã do Rip Curl Pro Bells Beach no ano passado, a bicampeã mundial Tyler Wright. Tati vai disputar o penúltimo duelo das oitavas de final com a californiana Courtney Conlogue, que está em 12º no ranking e precisa avançar para entrar no grupo das top-10 que permanecerão no CT. O corte na elite vai acontecer na próxima etapa na Austrália, o Western Australia Margaret River Pro.
HIGHLIGHTS DAY 3 // Rip Curl Pro Bells Beach presented by Bonsoy